Hoje conheci o João. Sorriu quando lhe perguntei que boneco era aquele que tinha nas mãos.
– Foi a minha mãe que deu. Estava dentro de uma caixa. É um duende mágico chamado EKUI e tem amigos super-heróis.”
Antecipando-se ao meu pedido de uma melhor explicação, disse-me:
– “Os super-heróis andam pelas terras a lutar contra o monstro das barreiras. Um monstro feio que não deixa as pessoas falarem umas com as outras.”
Perante o meu ar perplexo perguntou-me:
– “Sabias que há pessoas não veem, são cegas; outras não ouvem, são surdas e pessoas que não falam? E para ajudar essas pessoas, o EKUI tem umas cartas, com letras e gestos. Assim, as pessoas ficam felizes porque podem conversar.”
Derreti de orgulho.
Aquelas palavras tinham-me confortado a alma, uma verdadeira prenda de Natal antecipada.
Como poderei alguma vez agradecer à mãe do João por lhe ter oferecido aquela caixa. Fosse qual fosse o seu objetivo, o resultado era extraordinário.
A mãe do João descobriu a grandeza das coisas simples. Um bom hábito dos pais brilhantes.
Para Augusto Cury, os pais dividem-se em dois grupos: os pais bons e os pais brilhantes. Os pais bons dão presentes, pais brilhantes dão o seu próprio ser; os bons pais nutrem o corpo, pais brilhantes nutrem a personalidade; os bons pais corrigem os erros, pais brilhantes ensinam a pensar; os bons pais dão informações, os pais brilhantes contam histórias; os bons pais dão oportunidades, já pais brilhantes nunca desistem de transformar os filhos para melhor.
Neste Natal seja como a mãe do João: brilhante! Como? Humanize-se e humanize. Transforme as suas prendas. Dê de si e torne-se inesquecível aos olhos de quem lhe quer bem. Ofereça a sua história, as suas experiências. Ofereça exemplos, ofereça a descoberta do diverso e o caminho para o seu respeito. Ofereça a possibilidade infinita de ter pensamentos nobres e de viver em cidadania. Eduque para a empatia e para o fortalecimento emocional. Ensine a perseverança e a resiliência. Valorize a autonomia e a autodeterminação.
No fim, estará a oferecer aos seus filhos um novo olhar sobre a vida, um sem número de possibilidades para aprenderem a ser felizes com pequenas coisas: no som de qualquer sorriso, no gesto solidário de um amigo, no toque caridoso de quem só sente, no calor do sol, no esvoaçar dos pássaros, no abraço do colega, no beijo carinhoso da avó ou no desabrochar de uma flor. E isto é um privilégio a que nem todos, infelizmente, têm acesso.
Acha que não vale a pena?
Celmira Macedo
13-12-2018
Professora doutorada em educação